quinta-feira, 30 de junho de 2011

A menina

Ela se deitou , já era madrugada como de costume.. tentou não pensar em nada se aconchegou entre edredons e travesseiros, mas os pensamentos costumeiros vieram a tona um emaranhado de confusões, saudades e silêncios... as horas foram se passando como em um piscar de olhos, e o sol já dava sinais de claridade em sua janela.



Sentou-se em sua cama respirou profundamente como quem pede socorro , permaneceu ali por alguns instantes e enfim levantou-se. Ainda vestida com seu pijama amassado e cabelos em desalinho arrastou-se até a cozinha preparou seu chocolate quente e o colocou em sua caneca favorita, colocou os óculos em seu rosto de olhos fundos,e permaneceu ali deitada em sua rede, quase o dia inteiro. Ela passara o tempo todo tentando recordar sorrisos, olhares, cheiros e abraços que outrora pareciam até perturbar a sua sanidade e hoje não conseguia se recordar, resolveu então se levantar e tomar um banho demorado. Se livrou dos pijamas que a dias eram suas roupas preferidas, vestiu um jeans rasgado , uma camiseta e saiu sem destino onde até a luz do sol incomodava suas retinas já tão fadigadas.. Sentou-se a beira do caminho e ficou a observar as pessoas que passavam ao seu redor, enxergou ali um mundo de possibilidades que estavam bem ali diante de suas mãos. O sol já estava se pondo e ela voltou para casa foi quando percebeu que não bastava esquecer, não bastava desapegar era preciso querer ir adiante.. Foi então que deitou-se e logo pegou no sono e obteve grandes respostas em seus sonhos quase silenciosos.


Angelina

domingo, 26 de junho de 2011

Irmã

Lembrei -me em demasia esta noite e quase manhã,das primeiras lembranças que tenho guardado em minha memoria quase sempre falha,você quase implorando para que eu dormisse com você, as musiquinhas de ninar que sempre soavam calmas em sua voz quase infantil, a forma como cuidava de mim,me buscando na escola,das brigas de quando abria o seu baú que parecia recheado de magia...Sempre soube que o meu amor por você era imensurável e hoje em especial eu pude entender que ele vai além de tudo isso. Entendi que sua dor me dói como se fosse em um pedaço de mim, que os sorrisos que damos juntas é que sua alegria tem o poder de me contagiar até nos dias mais cinzas e solitários, compreendi que sou capaz de enfrentar um exército inteiro para proteger você do outro lado, não é força de expressão isso se chama força de sentimento. Hoje eu pude compreender que minha vida não teria sentido ,se não houvesse sua cama ali do lado da minha,o seu sorriso do lado do meu, as suas mãos pegadas nas minhas e sua maneira de me dizer que as coisas ruins são passageiras,e nessas linhas meio tortas e sentimentais a única intenção era dizer..EU TE AMO,assim mesmo em maiúsculas.
Hoje fiquei dormindo e a ternura resolveu levantar em meu lugar. Saiu sozinha, fazendo pose, afetando, abusando, sambando, sorrindo. Pediram bis. Um moço assobiou, do canto onde era frio, e ela foi. Não tinha olhos, era toda sentimento. E parada em frente a ele, ela tateou com pureza. Sabia que não precisava matéria, pra existir. A morada dele era o sonho. Tudo pode ser, nessa hora. E foi. A casa dele, bastaria que fosse feita de coração. E era. . .




segunda-feira, 20 de junho de 2011


[...]

Estou te falando em abstrato e pergunto-me: sou uma ária cantabile? Não, não se pode cantar o que te escrevo. Por que não abordo um tema que facilmente poderia descobrir? mas não: caminho encostada à parede, escamoteio a melodia descoberta, ando na sombra, nesse lugar onde tantas coisas acontecem. Às vezes escorro pelo muro, em lugar onde nunca bate sol. Meu amadurecimento de um tema já seria uma ária cantabile - outra pessoa que faça então outra música - a música do amadurecimento do meu quarteto. Este é antes do amadurecimento. A melodia seria o fato. Mas que fato tem uma noite que se passa inteira em um atalho onde não tem ninguém e enquanto dormimos sem saber de nada? Onde está o fato? Minha história é de uma escuridão tranqüila, de raiz adormecida na sua força, de odor que não tem perfume. E em nada disso existe o abstrato. É o figurativo do inominável. Quase não existe carne nesse meu quarteto. Pena que a palavra "nervos" esteja ligada a vibrações dolorosas, senão seria um quarteto de nervos. Cordas escuras que, tocadas, não falam sobre "outras coisas", não mudam de assunto - são em si e de si, entregam-se iguais como são, sem mentira nem fantasia. [...]

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Bicho acuado!

Bicho acuado, criança invadida , frio de solidão , medo da espera.



Me deixe em paz, estou cansado e meu corpo e mente não aguentam mais.


Estou acuado como um bicho escravo de minhas dores e saudades,tentando escapar por portas imaginárias onde chaves e senhas foram perdidas. Não aguento mais os comprimidos de caretice , de modelos e padrões sociais estou puta , cansada e perdida demais . As pessoas estão vivendo em casulos de medo e sorrisos forçados, rodeadas de soluços e solidão , as pessoas a que me refiro é você, sou eu, nós. Caramba !! Será que é tão egoísta assim a vontade de apenas ser feliz?


Bicho acuado em que me torno ou melhor a que me retorno . O silêncio dos pássaros que outrora catavam em minha janela, as tantas cartas em que escrevo os silêncios de meu amor permanecem ali dentro das gavetas invadidas, escravas, solitárias , silenciosas!


Angelina

terça-feira, 14 de junho de 2011

Onde?

Xiiuuu! Faça silêncio que minha alma dormiu em um sono leve, quase que despercebido , não ouse entrar por aqui nem ao menos em passos sorrateiros pois a guarda está armada para defender este sono que repousa dores, saudades e essa vontade sobrenatural de pegar o telefone e ouvir a sua voz do outro lado da linha.



Não me venham com conselhos e receitas de esquecimentos , ao contrário venho me lembrando de tantos sorrisos que atravessaram meu caminho, alguns até estão ali guardados na estante tão silenciosos e quase entristecidos , lembrei -me até de flores e maracujás que me arrancavam sorrisos em meio as madrugadas e as vezes parecia que quem estava ali era o meu reflexo.. é sinto saudade sim!.


Atirada aqui nesses espaços , lacunas.. tão escuro por aqui, faz tanto frio e me sinto como em um labirinto...perdida, as peças do quebra-cabeça andam perdidas e outras tantas misturadas. Não queria nada mais além de uma mão ou duas estendias logo ali na saída se é que ela existe.


Onde vai parar um barco sem porto? Onde vai parar minha sanidade diante dessas saudades arrebatadoras?..Onde vão parar estas frases tortas e palavras misturadas demasiadamente sinceras? Onde? Onde?Onde? Os meus olhos iram descansar?!
 
Angelina

segunda-feira, 13 de junho de 2011

É!

Em demasia seus sorrisos destroem os meus planos de ir embora, as malas já estão prontas a dias ali no canto da casa , os móveis já foram retirados e só restou o meu corpo cansado debruçado em uma saudade insaciável . É o cheiro que recobre sua pele macia , é o sorriso que provoca buraquinhos nas bochechas e no cantinho dos lábios ,são as velas coloridas espalhadas por seu mundo particular, é o arranjo especial de sons em que sai o meu nome de sua voz, são seus olhos de tristeza que teimam em evidenciar a força e a luta diária que escorre por seus poros , é o recolhimento de seus achados e perdidos depositados em seu livro de cabeceira, é o modo em que decola e passeia por entre os meus pensamentos,é o seu jeans surrado e os cabelos em desalinho,é o rock antigo que embala as suas cantigas de ninar,são os cafés e chás que lhe mantem nas noite de insonias insuportáveis , é o chocolate quente que te aquece nas noite frias e quase solitárias,é a complexidade de seus mistérios insuportavelmente atraentes,é o jeito atrapalhado e estabanado de ser, são suas saudades doloridas, é aquele sonho em andamento de viver por entre as nuvens,são as fotografias que congelam seus ângulos e feições mais bonitas , são os seus medos como modo de proteção, é o meu jeito de dizer que te amo,é o meu esquecimento de esquecer disso!

Angelina

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Retalhos de amor

Retalhos de Amor











Chega de retalhos avulsos espalhados pelo interior de minha alma, estes tem me feito passar frio nessas noites recheadas de solidão e esperanças insanas, quero cobertores inteiros daqueles que aquecem e aconchegam .Basta de metades , pedaços, medos,desaparecimento . Em minha bagunça de pensamentos e planos não realizados pude perceber o quanto o tempo está correndo e eu sempre com minha teimosia de apego, forçando -o a correr para trás ,começo a exorcizar os fantasmas de passados sempre interrompidos pelas metades e quase sempre sem explicações ou adeuses . Amar alguém com toda a sua alma não basta é preciso de reciprocidade , não dá pra ficar guardando, sufocando amor, pesa demasiadamente .Quem ama se preocupa, quer estar perto, sente ciúmes enfrenta raios e tempestades segurando a sua mão,devo confessar que adoro a liberdade, mas quem disse que ser livre é ser sozinho? Olha meu caro, ninguém é plenamente feliz sozinho mas o que se há de fazer?..






Angelina





''Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

Clarice Lispector

domingo, 5 de junho de 2011

Não espero nenhum olhar, não espero nenhum gesto, não espero nenhuma cantiga de ninar. Por isso estou vivo. Pela minha absoluta desesperança, meu coração bate ainda mais forte. Quando não se tem mais nada a perder, só se tem a ganhar. Quando se para de pedir, a gente está pronto para começar a receber. O futuro é um abismo escuro, mas pouco importa onde terminará a minha queda. De qualquer forma, um dia seremos poeira. Quem é você? Quem sou eu? Sei apenas que navegamos no mesmo barco furado, e nosso porto é desconhecido. Você tem seus jeitos de tentar. Eu tenho os meus. Não acredito nos seus, talvez também não acredite nos meus próprios. Não lhe peço que acredite em mim”.







. Caio Fernando Abreu .

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Mãos atadas

Venho perdendo o sono,a fome e o sossego .Me sinto tão impotente .. Vejo a sua morte sendo ali arquitetada em minuciosos detalhes, e a única coisa que eu consigo pensar é em seu futuro que poderia ser tao brilhante, no seu sorrisinho , no primeiro passinho . Você me dói ,como se me pedisse socorro, como eu faço meu bem? Pra te socorrer, pra te salvar? Me diz? Me mande um sinal, faria qualquer coisa para ver o seu primeiro chorinho. Perdoe minha flor, ela não sabe o que está fazendo e perdoe principalmente as minhas mãos que estão atadas....

Angelina