domingo, 31 de julho de 2011

Voltar

Não vou perguntar por que você voltou, acho que nem mesmo você sabe, e se eu perguntasse você se sentiria obrigado a responder, e respondendo daria uma explicação que nem mesmo você sabe qual é. Não há explicação, compreende? Eu também não queria perguntar, pensei que só no silêncio fosse possível construir uma compreensão, mas não é, sei que não é, você também sabe, pelo menos por enquanto, talvez não se tenha ainda atingido o ponto em que o silêncio basta? É preciso encher o vazio de palavras, ainda que seja tudo incompreensão? Só vou perguntar por que você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto. E esquece sabendo que está esquecendo.
—  Caio Fernando Abreu

sábado, 30 de julho de 2011

domingo, 24 de julho de 2011

Talvez o mal é que a gente pede amor o tempo todo. Não se preocupa nunca em dar amor, sem esperar reciprocidade. O meu livro está cheio de dedicatórias. Quando eu escrevo alguma coisa que sai de dentro, lá do fundo, dilacerada, e eu dedico a alguém, eu dou tudo aquilo que eu vivi, que eu senti, pra essa pessoa. Muitas vezes eu não tive nada em troca. Então eu me senti profundamente frustrado, porque eu esperava receber alguma coisa. A Magliani viveu quase dois anos, única e exclusivamente em função de mim, e eu não percebi isso, Eu só fui perceber que tinha amor quando fiquei longe dela. Assim mesmo, percebi isso vagamente, e voltei também vagamente por causa disso. Eu perdi, eu tenho consciência absoluta de que eu perdi a oportunidade de amor mais viva e profunda que me foi oferecida até hoje. E agora eu não posso fazer mais nada.
—  Caio 3D - Caio Fernando Abreu

terça-feira, 19 de julho de 2011

O bilhete

-Acordei recolhendo suas roupas e pertences amanhecidos , jogados por todo canto da casa. Sua camisa surrada , suada e carregada de seu cheiro de intensidade. Sua calça rasgada, desfiada e com o molde quase concreto de seu corpo, seu tênis sujinho este estava bem ali no cantinho e eu podia ouvir seus passos sorrateiros de quando chegava de mansinho , beijava meu pescoço e me chamava de meu bem.


Mas adiante um bilhete jogado de coração apertado e adeuses não dados e bem ao lado havia colado o seu sorriso de olhos molhados de quando eu dizia te amo. Suas mãos uma estendida e a outra retraída deixando clara confusão.


Fui recolhendo todos aqueles pedaços e feições que foram esquecidos por você, e pude perceber que eu tinha ali você se juntasse tudo que sobrou do muito que me deixou .E sera que eu deveria juntar ou queimar e te juntar ás cinzas de tudo que um dia foi e nunca mais será.


Mas sabe de uma coisa Queria nao gostar tando do seu sorriso doce, do seu cheiro paralizante, queria nao estar sentindo sua falta, como se conhecesse você a tempos, queria nao estar encantada com seus olhos de calma, com o enigma de suas palavras, da sua face linda quando acorda,do cheiro da sua respiraçao, do calor do seu corpo, do silencio misterioso, da carencia econdida atrás de armaduras de defesa,do jeito como seus cabelos caem sob seu rosto, da maneira como sorri e seus olhos acompanham, da saudade inesperada e quase desesperada.
 
 
Angelina

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A menina dança

E é você que dança e balança nos meu sonhos secretos de criança.



Dança os passos mais bonitos em minhas frases de lembranças.


Balança os pensamentos ocultos na valsa da solidão.






E é você que quebra e requebra em meus medos abstratos.


Me secreta seus sonhos bonitos de criança.


Deixou lembranças dos passos bonitos de sua dança.






E é você que esqueço, e sempre remeto flores de recordação.


Embala a valsa que balança os medos.


E vem sempre com aquele sorriso que aquece meu coração.






E é você que amo, odeio, adormeço , declaro, reparo, sonho , lembro,


danço e embalo os medos de esquecer o seu sorriso.










Angelina

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Foram-se os amores que tive ou que me tiveram.


Partiram num cortejo silencioso e iluminado.


O tempo me ensinou a não acreditar demais na morte.


Nem desistir da vida. Cultivo alegrias no jardim onde


estamos eu, os sonhos idos, os velhos amores e seus


segredos. E a esperança que rebrilha como pedrinhas


de cor entre as raízes."







(Lya Luft)