segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Olha só , moreno

Poderiamos?

Poderíamos casar, teríamos um apartamento, tomaríamos café as cinco da tarde, discordaríamos quanto a cor das cortinas, não arrumaríamos a cama diariamente, a geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário de porcarias, adiaríamos o despertador umas trinta vezes, sentaríamos na sala de pijama e pantufas, sairíamos pra jantar em dia de chuva e chegaríamos encharcados, nos beijaríamos no meio de alguma frase, você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia, saberíamos.




Caio Fernando Abreu.



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O que tenho pra hoje!

            • - Um afago, um colo e uns dois ou três beijos amorosos , recheados de chocolates e canções de ninar! É o que tenho pra hoje!;)
          • Angelina

domingo, 9 de outubro de 2011

feliz!

"Ando feliz, cheia de fé."


"Mais difícil é continuar vivendo. Eu continuo. Não sei se gosto, mas tenho uma curiosidade imensa pelo que vai me acontecer, pelas pessoas que vou conhecer, por tudo que vou dizer e fazer


e ainda não sei o que será."





[Caio F. Abreu]

...

Depois os dois se abraçaram e se deram beijos nas duas faces e como duas pessoas que não se vêem há muito tempo atropelaram perguntas como: por onde é que tu anda, criatura, ou exclamações como: mas tu não mudou nada, ou reticências tão demoradas que as filas chegavam a deter-se um pouco, as pessoas reclamando e uma hesitação entre mergulhar nas gentes entre um beijo e um me telefona qualquer dia e ficar ali e convidar para qualquer coisa, mas um medo que doesse remexer naquilo, e tão mais fácil simplesmente escapar que chegou a dar dois passos. Ou três.







(Caio Fernando Abreu. Aconteceu na praça XV, in: Pedras de Calcutá)









sábado, 8 de outubro de 2011

=)

Ela explicava, sorrindo:


— Não, gurizinho. Quando a gente gosta mesmo duma pessoa, a gente faz essas coisas.





Caio Fernando

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Meses

Fazem meses que não te vejo, ‘que não falo com você’. Não sei se você está bem, se está estudando, se está gostando de outro alguém ou se às vezes ainda sonha comigo. Nada mais sei sobre você, além do que sobrou. Recentemente vi umas fotos suas, o corte de cabelo ainda era o mesmo, o físico, o estilo de roupas. Mas tinha algo diferente, eu sei que tinha, porém, como eu poderia explicar? Era algo no seu olhar castanho escuro, como se faltasse algo por dentro de você. Era o formato dos traços do seu sorriso, como se tivesse perdido um pedaço de você… Então lembrei, talvez o que faltava, era o pedaço de você que eu levei comigo, e não consegui te devolver.”


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Não consigo ver mais que isso: essa é a lembrança. Além dela, nós conversamos durante muito tempo na chuva, até que ela parasse, e quando ela parou, você foi embora. Além disso, não consigo lembrar mais nada, embora tente desesperadamente acrescentar mais um detalhe, mas sei perfeitamente quando uma lembrança começa a deixar de ser uma lembrança para se tornar uma imaginação. Talvez se eu contasse a alguém acrescentasse ou valorizasse algum detalhe, assim como quem escreve uma história e procura ser interessante – seria bonito dizer, por exemplo, que eu sequei lentamente seus cabelos. Ou que as ruas e as árvores ficaram novas, lavadas depois da chuva. Mas não direi nada a ninguém. E quando penso, não consigo pensar construidamente, acho que ninguém consegue. Mas nada disso tem nenhuma importância, o que eu queria te dizer é que chegando na janela, há pouco, vi a chuva caindo e, atrás da chuva, difusamente, uma roda-gigante. E que então pensei numas tardes em que você sempre vinha, e numa tarde em especial, não sei quanto tempo faz, e que depois de pensar nessa tarde e nessa chuva e nessa roda-gigante, uma frase ficou rodando nítida e quase dura no meu pensamento. Qualquer coisa assim: depois daquela nossa conversa – depois daquela nossa conversa na chuva, você nunca mais me procurou.”







Caio Fernando Abreu

O dia que júpiter encontrou saturno


…(Silêncio)







-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.






-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.






-Vou te escrever carta e não te mandar.




-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.


-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.


-Vou ver Saturno e me lembrar de você.


-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.


-O tempo não existe.


-O tempo existe, sim, e devora.


-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido.Alfazema?


-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.

 -E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.


(Silêncio)


-Mas não seria natural.


-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.


-Natural é encontrar. Natural é perder.


-Linhas paralelas se encontram no infinito.


-O infinito não acaba. O infinito é nunca. -Ou sempre.


(Silêncio)


-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando “Kiss, kiss, kiss”. Por que você não me convida para dormirmos juntos.


-Você quer dormir comigo? -Não.


-Porque não é preciso?


 -Porque não é preciso.
(Silêncio)
-Me beija.


-Te beijo.
Caio Fernando Abreu em Morangos

domingo, 2 de outubro de 2011

Não queria!

''Não queria, desde o começo eu não quis. Desde que senti que ia cair e me quebrar inteiro na queda para depois restar incompleto, destruído talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morto, mais indefinido – e seria preciso reestruturar verdades, seria preciso ir construindo tudo aos poucos, eu temia que meus instrumentos se revelassem precários, e que nada eu pudesse fazer além de ceder. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero.”




sábado, 1 de outubro de 2011

Por falar em saudade!

Todo dia de manhã enquanto eu tomo o meu café amargo



É, ainda boto fé de um dia te ter ao meu lado


O que eu faço? O que eu posso fazer?


Não é fácil, não é fácil






Se você quisesse ia ser tão legal


Acho que eu seria mais feliz do que qualquer mortal


Na verdade não consigo esquecer


Não é fácil, é estranho






Por falar em saudade por onde anda o seu sorriso?